Blog da Cacá Coelho

Ser jornalista

Posted in Jornalismo na veia by Carla Coelho on 07/04/2010

“Antes de ser mera opção profissional, este ofício é uma opção de vida”. 

Há inúmeros veículos para divulgação de informações, ser jornalista, atualmente, é saber selecionar, buscar e traduzir esse turbilhão de informações para o público-alvo dele. É participar de uma conversação com o público, antigamente apenas leitor, agora co-participante efetivo de práticas antes restritas apenas ao jornalista profissional, como a apuração/difusão de notícias. É estar preparado para um contato direto e imediato com o receptor de seu trabalho, disposto a receber reparos, correções e, especialmente, sugestões de boas pautas e de assuntos que palpitam nas conversações mediadas por computador. É monitorar a rede em busca de boas histórias e de assuntos que possam complementar as características básicas da profissão, que não se perderam com os avanços tecnológicos, como a observação, a sacada e a opinião. 

Tem a função de achar e selecionar o que é interessante para o público dele e traduzir essas informações, ou seja, diante do caos informativo e do excesso de opções, é filtrar, editar e hierarquizar o noticiário, apresentando ao público uma sequência lógica dos acontecimentos. É, também, priorizar a análise e a contextualização dos fatos (isso inclui pensar o jornalismo como um conjunto de processos que hoje englobam vídeos, áudios, artes em flash, galerias de fotos, etc.). É dialogar com o público. Estabelecer comunidades virtuais em torno de temas de interesse e usar todas as ferramentas interativas disponíveis. 

A missão do jornalista é reunir e disponibilizar as informações para o público: a fiscalização do poder público (e isso vale para todas as editorias), o acompanhamento da economia, do esporte, da moda, do trânsito, o que quer que seja. Isso tudo pensando no interesse público, mas sem esquecer que somos como qualquer outro trabalhador, só que o nosso produto é a informação e devemos ser lucrativos no que fazemos. 

O perfil deste profissional é o de uma pessoa multitarefa, presente em todas as instâncias da Web, com noções claras sobre as potencialidades da Internet e de que forma elas podem complementar o seu trabalho no dia-a-dia. Deve ser curioso, cético, observador, criativo e, claro, dominar o idioma. 

Sete de abril é um dia muito importante para nós.
Parabéns pelo Dia do Jornalista! 

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“Os mais velhos falavam que o Jornalismo é um sacerdócio – e tinham razão. Eu, por exemplo, queria ser padre, mas como padre não pode casar e a única coisa que sabia fazer era escrever, fui muito cedo trabalhar numa redação de jornal, a Folha Santamarense, que já nem existe mais. 

Não basta, porém, saber – ou pensar que sabe – escrever. Ser repórter é bem mais do que simplesmente cultivar belas-letras, se o profissional entender que sua tarefa não se limita a produzir notícias segundo alguma fórmula ‘científica’, mas é a arte de informar para transformar. 

Por um motivo muito simples: e Jornalismo não é uma ciência exata. As técnicas, qualquer um aprende em pouco tempo. Mas, antes de começar a escrever, o repórter tem que definir bem definido porque escolheu a profissão, o que quer dela. Se for dinheiro, prestígio ou segurança, melhor desistir logo, porque devem existir mil opções mais atraentes. O repórter só deve ser repórter se isso for irresistível, se não houver outro jeito de ganhar a vida, se alguma força maior o empurra para isso. 

Que força é essa? Isso é tão difícil de explicar como definir o amor. Daí a dificuldade de se fazer um livro teórico sobre Jornalismo. Como explicar, como definir, como conceituar, se não há regras, fórmulas, receitas? Até porque, se as houvesse, todos os jornais seriam iguais e todos os repórteres escreveriam da mesma forma. 

(…) 

Pode-se fazer uma reportagem de mil maneiras diferentes, dependendo da cabeça e do coração de quem escreve, desde que essa pessoa seja honesta, tenha caráter, princípios. Não, não estou falando da tal ‘objetividade jornalística’, da ‘neutralidade’ do repórter, essas bobagens que inventaram para domesticar os profissionais que não se dobram aos poderosos de plantão, porque têm um compromisso maior com seu tempo e sua gente. Esse compromisso é que tem de nortear sempre o nosso trabalho – o resto a gente vai aprendendo com o tempo. O leitor tem o direito de saber o que pensa, de que lado está aquele que lhe escreve – é uma informação a mais para que ele possa tirar suas próprias conclusões”. 

(KOTSCHO, R. A prática da reportagem. São Paulo: Editora Ática: 2005, p. 7 e 8).